CASA JOSÉ BRAGA
A Habitação José Braga, construída em 1949, é uma das primeiras obras do arquiteto Celestino Castro (1920-2007). Faz parte das obras referenciadas para classificação da Docomomo Ibérica e surge na maioria dos catálogos e guias de arquitetura do século XX em Portugal.
Esta obra foi publicada no número 54 da revista Arquitectura, em1955, tendo sido capa dessa revista, assim como como foi capa do Guia de Arquitectura Moderna, comissariado pelos arquitetos Jorge Figueira, Paulo Providência e Nuno Grande, no âmbito da Porto 2001 Capital Europeia da Cultura.
É, sem dúvida, um dos exemplos mais radicais, construídos em Portugal, de aplicação, numa habitação unifamiliar, das regras, dos princípios construtivos, formais e de linguagem da arquitetura moderna.
Felizmente manteve a sua integridade durante estes mais de 70 anos. Sofreu, no entanto, algumas alterações, sendo a mais profunda, a demolição de uma escada de serviço; o próprio projeto original sofreu também algumas alterações durante a obra. A mais significativa foi feita no alçado principal, com a inclusão de duas janelas de desenho quadrado, que lhe contaminam a pureza modernista, mas que lhe dão caráter. Esta casa seria só uma casa modernista sem estas aberturas.
O projeto de reabilitação que desenvolvemos, passou por importantes fases de pesquisa, levantamento métrico e de diagnóstico das técnicas construtivas, de acabamentos e das infraestruturas, ao registo fotográfico do existente e a sondagens das diferentes camadas de pintura, para depois dar lugar à procura de soluções de resposta para o uso pretendido: uma habitação de uso permanente que respeite a identidade do edifício e que seja dotado de condições de conforto atuais.
Esta intervenção, pretendeu remodelar, reabilitando. Nunca quis ser um restauro, embora se pretenda manter muitos dos elementos que o compõem e mesmo repor outros que foram retirados.
Intervir num edifício com interesse arquitetónico e particularmente num edifício moderno, não altera substancialmente as questões de ordem metodológica, disciplinar ou mesmo éticas, embora tenha, naturalmente, exigências específicas.
Porque há uma linha, no limite muito ténue, entre o que fica porque é considerado importante, estrutural, identitário, exemplar, autêntico e o que será para retirar ou alterar, porque é espúrio, falso, está degradado e não justifica a sua reparação ou porque não responde às exigências do novo projeto.
E esta questão remete para outra dimensão da intervenção em património edificado, que é a definição do programa a instalar e a avaliação, se esse programa é adequado, se lhe podemos atribuir novos usos ou qualificar os existentes numa perspetiva abrangente, dando corpo a uma visão de conjunto. E definir o que fazer, mas também como fazer.
A propósito deste projeto foi feita uma apresentação no 2º Colóquio do Colégio do Património Arquitetónico da Ordem dos Arquitetos “Arquitectos. Geração de 1920”, realizado na Fundação Marques da Silva e integrado no Programa de Comemoração do Centenário do Nascimento de Fernando Távora, que pode ser visto em
https://www.youtube.com/watch?v=FiucUZbdmx8
- Arquitetura: Paulo Seco
- Colaboração: Filipe Lourenço . Rita Neves
- Localização: Porto
- Projeto:
- Construção:
- Imagem: ITS Ivo Tavares Studio







